segunda-feira, 27 de abril de 2009

Divã


Professora, casada há vinte anos com o advogado Gustavo (José Mayer), mãe de dois filhos, alguns amigos, pouco lazer, tudo a principio parecia bem, estável, sem grandes emoções. Assim é a vida da personagem Mercedes (Lilia Cabral) típica demais, diante aquilo que ela estava disposta a viver.
Mercedes tem 40 anos e se considerava uma mulher comum, porém com alguns desejos de mudanças para sua vida. Pra isso ela sabia que era preciso dar o primeiro passo.
A procura por um psicanalista, mesmo sem saber bem o porquê, dizendo ela ser por mera curiosidade, foi o divisor de águas no cotidiano de Mercedes. No divã ela descobre que a felicidade vai muito além de uma formula certa, com pesos e medidas exatas.
Ao sentar-se de frente ao psicanalista, Mercedes nem sabe bem o que falar, não tem muita coisa pra contar ali, então algumas questões se apresentam como dúvidas "a minha felicidade é mesmo da forma que se apresenta? ; Preciso saber se eu sou uma pessoa desejável ou então se eu provoco encantamento gratuito", pergunta a se mesma.

Os seus desejos e realizações dão espaço para que ela se veja em uma redoma de padrões aos quais não a fazem feliz, a começar pelo casamento de anos e mais anos, que ela mesma compara os dias vividos, com os entediados dias de domingo.
É falando sobre si que aos poucos Mercedes vai se revelando um pouco de cada mãe de família, de cada amiga, e a cima de tudo revelando muito, de todas as mulheres.
O filme é intimista, emociona e provoca reflexões. Indo além das expectativas de uma comédia, consegue despertar um sentimento sobre a vida: de que ela é realmente tudo aquilo, momentos e escolhas diferentes.
Trata de assuntos rotineiros que todos nos certamente iremos passar ou ouvir contar. A morte de uma amiga querida é retratada de uma forma muito bem elaborada, com uma carga emocional que mexe com espectador e comove a todos. Até mesmo aqueles menos emotivos se sentem tocado por aquelas cenas tão reais.
Mercedes é retratada em momentos de forte paixão, e as cenas revelam que mesmo aos 40 anos é possível se arriscar em paixões, ser sedutora e deixar-se seduzir, ainda que por rapaz mais jovem. Os encontros com Theo (Reynaldo Gianecchini) é recheado por um ardente sentimento de liberdade, da pra ver no olhar de Mercedes que ela realmente estava precisando viver noites como aquelas. Mesmo que isso significasse o fim do seu casamento.

Com uma linguagem leve, e tramas simples, sem grandes efeitos, Divã faz uma leitura moderna das intempéries da vida de Mercedes. Não abandona o tom de comedia e leva o expectador a gargalhadas em determinadas cenas. O filme faz uma mistura perfeita de emoções, onde é possível rir ou chorar, a depender do momento em que o telespectador esteja vivendo e sentir-se tocado. É uma boa pedida para as tardes sem graça dos domingos.

Fonte: http://www.divaofilme.com.br/