sexta-feira, 30 de maio de 2008

Linha Direta com Domingos Meirelles


Conhecer um pouco sobre Domingos Meirelles me fez amadurecer o olhar critico sobre a tênue relação entre "Mídia e Violência". Tema da palestra apresentada pelo jornalista, nesta terça-feira, dia 27 de maio, no Hotel Fiesta Salvador.
O tema proposto foi uma motivação para o apresentador do programa Linha Direta, da Rede Globo, abordar sua rotina no jornalismo, aprofundando assuntos do cotidiano trágico e violento do dia-a-dia.
Meireles se apresenta, explanando seu currículo e trajetória sem economizar tempo nem detalhes do quanto batalhou para conquistar o respeito dos leitores. O ex-vendedor de máquinas de escrever justificou o ingresso nas redações, como uma forma de se tornar agente modificador da realidade. Resultado de uma indignação iniciada no período da Ditadura Militar, quando foi perseguido e discriminado por apoiar as reformas políticas. Assim deu início à sua carreira no jornal "A Última Hora" do Rio de Janeiro.
Domingos Meirelles, ficou mais conhecido na temporada do programa Linha Direta. Através do mesmo conseguiu localizar e ajudar a prender mais de trezentos criminosos condenados. Meireles explica que seu papel como apresentador era meramente político, ele pretendia mostrar que a segurança publica do país é frágil e ameaçadora. E fez questão de destacar que seus objetivos iam alem da idealização do programa, que tinha como finalidade, concorrer com a audiência do polêmico Ratinho, no SBT.
A palestra seguiu um ritmo meio confuso, pois o jornalista abordou vários assuntos e não concluiu o pensamento sobre nenhum deles. Não sei se pela falta de domínio do palestrante, o que duvido muito, ou simplesmente porque o tema realmente trata de assuntos sem soluções visíveis. Violência, crimes, assassinatos, política, corrupção militar etc.
Ouviu-se um burburinho da platéia, quando o jornalista fala sobre a responsabilidade da mídia na cobertura dos crimes transmitidos a sociedade. O palestrante acredita que a mídia pode estimular o crime, e desencadear uma serie de acontecimentos semelhantes aos que são noticiados. "Algo como a vida imita a arte".
Para ilustrar esta linha de pensamento, Meirelles citou inúmeros exemplos da idéia defendida por ele, tais como a ordem do príncipe regente do Brasil, Dom Pedro I em 1821, quando proibiu os jornais da época em divulgar os suicídios e rebeliões. Naquela período, ficou comprovado que, quanto mais se noticiava estes fatos, mais aumentavam as ocorrências de suicidas no país.
Domingos Meirelles deixa claro que sua opinião não tem nada a ver com censura, porém, seus 40 anos de experiência, fizeram-lhes crer nesta verdade. É com base nestes relatos que o jornalista nos passa uma idéia contraditória. Ele que realmente acredita que a mídia pode incentivar o crime, apresentou o Linha Direta durante anos. Programa que além de noticiar os crimes, faz simulações de como os delitos foram praticados. Teoricamente dando a receita de como os acusados cometiam aqueles crimes.
No momento das perguntas, questionei Meirelles por meio de um colega, sobre esta contradição. Ele demonstrou inquietude com a indagação, e enrolou, enrolou e não respondeu. "Não sei se respondi sua pergunta ou se te dei uma volta" foi o que Meirelles falou após concluir o contra-golpe.
"O jornalista deve sim escolher um lado da noticia" enfatiza Meirelles, sendo contra ao que estamos acostumados a ouvir, que os reportes não emitem opinião, e que as matérias e artigos são impessoais, "falsidade" afirma o palestrante. Explicando que o bom jornalista sabe se posicionar em seu trabalho sem ferir a realidade dos fatos.
O motivo que me levou a essa palestra foi a ânsia de saber o ponto de vista de um profissional que lida com o crime diariamente. Ainda que na forma intelectualizada, registrando os acontecimentos com um olhar social. Me sentir estimulado a entender mais sobre esta relação, “Mídia e Violência” afinal, eu também sou atingido pelas noticias que invadem nossas casas, relatando os mais diversos crimes. E isso me incomoda muito. Sai daquela palestra mais convicto de que a mídia vem prestando um desserviço para as famílias brasileiras. Não vou me aprofundar neste assunto hoje, mas ainda registrarei aqui o que penso sobre todo este desserviço.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Chega de Saudade



Um filme para minhas tias mais velhas e meus amigos mais jovens.




O filme Chega de Saudades, em cartaz nos principais cinemas da cidade, aborda uma riqueza de fatos, girando em tono de um baile paulistano, que começa no finalzinho da tarde se estendendo até a noite.
Uma senhora de idade avançada com sintomas do mal de alzheimer, surpreende a todos ao provar que para o amor não existe idade, dona Alice (interpretada por Tônia Carrero) prova que as paixões fazem parte de nossas vidas independente dos traços do tempo cravados na face ou da cronologia a cima das cinco décadas. A Atriz que a muito tempo não vejo nas telas de cinema, da um show de interpretação e consegue transmitir a todos uma lição de como conduzir um grande amor ao passo de uma dança.
Mostrando episódios da vida pessoal de um núcleo de cinco personagens, a casa de show “Chega de Saudade”, aos poucos se transforma no palco da vida de todos que naquele ambiente dançam, observam, se escondem ou simplesmente vivem seus momentos.
Todos ali já passaram dos cinqüenta anos, a não ser o DJ (interpretado por Paulo Vilhena) e sua namorada (Maria Flor) que aparentemente está ali na verdade pra lhe fazer companhia, mesmo depois descobrindo que a casa também seria uma alternativa para novas experiências.
Cada personagem com sua historia, com seus segredos, com ilusões, desafetos, decepções, mas acima de todo, muita paixão. O desenrolar da trama deixa claro que eles vivem suas vidas de forma alegre e espontânea, quebrando o paradigma de que os cinqüentões não têm o direito a diversão, vida noturna, dança e paqueras.
A trilha sonora é muito original e traz desde samba, gafieira, bolero ao famoso cha cha cha, tendo a participação de Elza Soares, que mesmo depois das mil e uma esticadas, continua sendo espetacular.
A musica tem um papel fundamental neste roteiro, pois conduz os personagens à dançar de rostinho colado, braços envoltos a cintura, despertando naquelas senhoras e rapazes à sensualidade e libido, que aos olhos de muitos, são elementos que não fazem parte da terceira idade, doce engano.
A personagem Elza (interpretada por Betty Faria) surpreende com seu poder de transmitir ao espectador a aflição ao não ser convidada pra dançar, como se fosse uma jovem de 18 aninhos, demonstrando que tem desejos pelos rapazes e que se sente atraída por eles mesmo diante das próprias limitações da idade, em se mostrar sensual e sedutora, fazendo valer pela superação à real a proposta do filme.
"Chega de Saudade" consegue fixar mesmo aos mais jovens o valor dos sentimentos; o quanto somos iguais, respeitando as proporções da historia de vida de cada um. O filme me levou a pensar como seria minha vida na terceira idade. – Certamente eu estarei em algum desses bailes, claro, ao som de outra trilha, mais atual à minha época.
Registro este longa metragem, como exemplo a ser adotado pelos espectadores: Um filme simples, de cenário pobre, mas que transborda originalidade, provando que, mesmo com todos os problemas cotidianos, nós temos inúmeras oportunidades de sermos felizes, e nada, nem o tempo, nem a falta dele, nem o preconceito, tampouco a idade podem nos impedir de levar a vida como uma bela e bem sincronizada dança.

Ficha Técnica
Título Original: Chega de Saudade
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 92 minutos
Ano de Lançamento (Brasil): 2008
Estúdio: Gullane Filmes / Buriti Filmes / Miravista / Globo Filmes / ARTE France
Distribuição: Buena Vista International
Direção: Laís Bodanzky
Roteiro: Luiz Bolognesi
Produção: Caio Gullane e Fabiano Gullane
Música: BiD
Fotografia: Walter Carvalho
Direção de Arte: Marcos Pedroso
Edição: Paulo Sacramento

Elenco
Tônia Carrero (Dona Alice)
Betty Faria (Elza)
Cássia Kiss (Marici)
Stepan Nercessian (Eudes)
Paulo Vilhena (Marquinhos)
Maria Flor (Bel)
Elza Soares (Elza Soares)
Leonardo Villar

Em salvador também existem locais pra dançar. Assista ao filme se estimule e dance muito, faz bem a alma. Veja abaixo alguns locais para dançar:

Lugar Comum = 3329-4865, largo do rosário
Kantarerê = 3363-4015 Patamares
Boka de Caranguejo
Clube Comercial
Clube Fantoches
Santa Rita
Cabana do Bogary
Bambara
Santíssima Bahia

Veja o trailer do filme Chega de Saudade

quarta-feira, 21 de maio de 2008

E essa tal Felicidade.


Sou irredutível ao dizer que o trabalho sempre foi e será algo que nos ergue, enobrece e por vezes nos tráz felicidade. Entretanto, por alguns momentos desejamos jogar tudo pra o alto e ficar com o tempo de sobra para os deleites do ócio e o descanso relaxante. Quando assim desejamos a sobra de tempo – jogar tudo pra o alto e fazer aquilo que bem entendêssemos – por hora acreditamos que estaríamos felizes. Ai então me surge uma grande duvida: – Será mesmo a felicidade somente a conquista de nossos desejos?
É complicado se questionar sobre este assunto, pois, para alguns a felicidade é simplesmente um estado de espírito, e independe dos bens materiais e das ocasiões que o dinheiro pode proporcionar.
O estudioso sobre o tema, Daniel Gilbert, professor de psicologia da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, trata a felicidade da seguinte forma: "É difícil dizer o que é, mas sei quando eu a vejo. É simplesmente se sentir bem".
Levando a opinião do professor em consideração fica fácil julgar de infeliz alguém que não tenha à mesa, o pão pra alimentar os filhos, que sente frio e não pode se agasalhar, sede e não tem água pra beber, ou simplesmente não vai ao shopping fazer compras no natal. No entanto existem casos de indivíduos que passam por estas situações e declaram aos quatro cantos que é "pobre, mas é feliz". Caindo por terra alguns conceitos de felicidade e nos forçando a avaliar nossa própria vida valorizando tudo aquilo que somos e possuímos.
Para alguns, felicidade é ter a saúde perfeita, para outros é ter a geladeira entupida de cerveja, para uns é poder encontrar os amigos no sábado, para outros é sentir o calor e o afeto de uma mãe. Alguns preferem a morte ao ter que abdicar do prazer de comer uma lata de leite condensado, e outros preferem a vida ao renunciar os vícios que só trazem infelicidades. E assim, registro que muitas serão as definições de felicidade que nunca serão iguais, tampouco definidas uniformemente para todas as pessoas, ficando ao nosso bel prazer saber conduzir nossa vida em busca dos bons momentos, aqueles que fazem nosso coração tripudiar de felicidade.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Na mesa com dona Zélia Gattai Amado


Como foi enriquecedor poder compartilhar os poucos momentos de aprendizagem junto a esta pessoa incrível, que fez de sua passagem por este mundo um fato marcante, uma historia de amor e de ensinamento a tantos outros.
No período de maio a julho de 2007, nos reunimos algumas vezes para afinar os detalhes do projeto de exposição fotográfica Zélia Gattai Amado - um olhar imortal, realizado na reserva imbassaí. Durante este tempo pude conhecer a riqueza que guardava esta ilustre escritora, que alem de dominar a arte literária se mostrava uma fotografa de rara sensibilidade registrando momentos de uma vida.
Certamente levarei na lembrança, as historias que a ouvi contar e nunca esquecerei seu jeito singelo de narrar as experiências vividas ao lado de “Jorge”.
Como também ficará marcado e com certeza contarei aos meus filhos o que esta senhora de voz doce me falou em nosso ultimo encontro.
“Pele escura e olhos claros, retratos dessa mistura que é a Bahia, Eram dessas riquezas que saiam as inspirações de Jorge para seus novos personagens” e ela falava olhando dentro dos meus olhos e as mãos em minha face, com uma admiração muito verdadeira. Ficando surpresa ao saber da minha pouca idade e do meu empenho em abraçar aquele projeto junto a pessoas com anos experiência no mercado.
E foi incrível o tão pouco tempo que aos poucos se transformavam em ensinamentos que dona Zélia deixava para as pessoas que estava ao redor daquela mesa. Todos atentos ouviam os capítulos de uma vida levada com base na simplicidade e saboreando um delicioso sarapatel, prato elaborado especialmente para este encontro a pedido de dona Zélia. Segundo ela o que vale na vida é ser feliz, mesmo tendo o colesterol alto e o corpo fora de forma, porem não perder o prazer de saborear um toicinho, sarapatel, rabada etc.
Dona Zélia era autentica ao emitir suas opiniões, uma dama de vocabulário riquíssimo, um ser humano de coração puro, que deixava contaminar as pessoas que estavam ao seu redor pela naturalidade ao tocar nosso rosto, ao não ter timidez em admirar o próximo e falar de sentimentos sem esperar nada em troca.
Ouvir dona Zélia contando piadas de sua época, foi algo que eu jamais esperava, e foi muito divertido, cair nas gargalhadas ao ouvir aquela narradora que aos 90 anos contava anedotas como uma grande profissional.Eu agradeço as pessoas que me proporcionaram estes encontros e o projeto de exposição fotográfica que fizemos juntos, estas ocasiões serão levadas na bagagem dessa minha caminhada. e fica aqui Registrado esta minha admiração.