terça-feira, 22 de março de 2016


Política Nacional: um olhar para além das emoções



*Por Victor Lacerda

Após inúmeros recadinhos sobre a ausência do meu posicionamento, de forma pública, em relação ao cenário político no Brasil, eu resolvi falar um pouco do que eu penso sobre o assunto.

Percebo que para muitos, está difícil discutir sem envolvimento emocional e confesso que eu acho uma tremenda ignorância não consegui desenvolver diálogos imparciais, deixando de lado as ofensas pessoais e levando em conta apenas o futuro da nossa nação.

Não sou cientista político e não domino a Constituição Brasileira, mas como cidadão e comunicador eu me permito tomar conhecimento dos fatos e emitir opinião com base nos meus princípios e conhecimento de vida. E cá para nós, o que seria da Justiça e de cada um de nós, sem o conhecimento somando a opiniões.

Eu não quero aqui levantar bandeira contra, ou a favor, de nenhum partido político, e muito menos tornar da minha opinião um motivo de convencimento da ideologia alheia. Até porque eu também não me convenço facilmente. Sou muito questionador, sou contestador e preciso de provas e argumentos distintos para que me convençam de qualquer verdade.

Para ir direto ao ponto eu deixo claro que não estou satisfeito com o governo atual, como também não estou satisfeito com os rumos que essa história toda está tomando. O que não impede que eu reconheça os benefícios deste governo, que hoje me traz insatisfação, mas que em outros momentos me trouxe alegria. Isso não faz de mim um “coxinha” nem tampouco um “petralha” - Pensar assim me faz ter opinião transparente, sem fomentar pessimismos ou torcida ideológica.

Ao meu ver, o momento pede nada mais do que justiça. E para se fazer valer esse momento, é necessário que sigam a risca a Constituição, que estabelece as sólidas bases do Estado Democrático de Direito, tais como a Soberania Nacional e a separação dos Poderes. E que não se faça desse factoide desesperado, um Ato Inconstitucional.

Sou a favor da aplicação das leis. É com base nas leis que se devem tomar as decisões judiciais. É triste pensar que as questões políticas estão se resumindo em questões penais. Então se é dessa forma, que tenhamos prisão para todo e qualquer culpado, pena justa para os condenados e vetos para os impedimentos comprovados e julgados. Repito: comprovados e julgados.

Não sou a favor de Impeachment, sem que antes se conclua todo procedimento e se cheguem as provas concretas. Não sou a favor de um Impeachment onde os grandes inflamadores da causa, são pessoas tão gananciosas pela recuperação do poder, tal qual alguns que estão em julgamento hoje.

Não sou a favor de um Impeachment que utiliza o povo como massa de manobra para interesses políticos daqueles que sabem como ninguém, utilizar a força da imprensa e da mídia para formar opiniões coléricas. Falo com propriedade porquê de imprensa e mídia eu entendo muito bem.

E justo por não ser a favor do Impeachment infundado, que eu gostaria muito de ver um equilíbrio do Poder Constituído, para conduzir esse processo com muita transparência, equidade, licitude e retidão.

Se por ventura chegarem a uma conclusão cabível de Impeachment, que assim se faça apresentando as provas e mostrando a população brasileira que a Democracia só se constrói com o amparo da Lei.

Eu sou completamente à favor do combate à corrupção, mas não podemos deixar que isso, contraditoriamente, corrompa a nossa Constituição. Entendam que se por conta dos processos da Operação Lava Jato, das chamadas pedaladas fiscais e de tantos outros processos investigatórios, abram-se precedentes para infringir as leis. Mais cedo ou mais tarde, toda essa história terá um final ainda mais arrasador, do que se anuncia.

É crucial que se garantam os direitos conquistados, caso contrário, mais uma vez a população fragilizada, irá sofrer com o afronto constitucional que está ocorrendo em nosso país. Quando eu falo de população fragilizada, eu me refiro a aqueles que no passado nunca imaginaram frequentar a universidade, que nunca imaginaram deixar de ser estatística de quatro gerações de domésticas e se tornar doutora em medicina, falo também da população carcerária, que em sua absoluta maioria é composta por negros e pobres da periferia.

Falo de mim e de você, que de alguma forma, teve acesso a oportunidades, devido a uma Constituição que defende os Direitos Humanos, ainda que não tão bem aplicados, mas que em suma, possuem significativas conquistas em seus princípios.

Não podemos deixar nosso conhecimento histórico de lado, precisamos prestar atenção também no que está ocorrendo por trás das lentes dos noticiários. E quando paro para analisar, infelizmente o que eu vejo é uma enorme nostalgia por parte de alguns, daquela velho poder que tinham de outorgar a alguém, a capacidade de dizer o que pode ser dito e não dito, e o que não pode ser mostrado. Só espero que se lembrem que a censura poupa o corvo e maltrata a pomba.

Concluo o meu pensamento ou desabafo no intuito de renovar a esperança de que todos consigam conversar sobre o tema, buscar um diálogo sério, mas cordial sobre o futuro do nosso país. Assim você, que conseguiu ler este texto até o final, estará contribuindo não apenas para a formação de um pensamento político, mas também para um discurso politizado e cidadão. Agindo assim, você estará construindo uma opinião, se não mais “limpa”, ao menos mais madura e mais respeitosa com aqueles que divergem da sua verdade.

Nenhum comentário: