segunda-feira, 25 de abril de 2011

BAIXA DOS SAPATEIROS MORRE POUCO A POUCO

“A Baixa dos Sapateiros já não é mais dos sapateiros há tempos. Aliás, nem dos sapateiros nem de ninguém.”
Por Elenilson Nascimento

A famosa Baixa dos Sapateiros, que já foi cantada até por Caetano: “Na Baixa do Sapateiro eu encontrei um dia/A morena mais frajola da Bahia/Pedi-lhe um beijo, não deu/Um abraço, sorriu/Pedi-lhe a mão, não quis dar, fugiu...”, que já foi um ponto de encontro da cidade e atraiu os mais renomados artistas das décadas de 30 a 60, além das mais modernas películas hollywoodianas, astros musicais e teatrais, onde já teve até o primeiro cinema do Nordeste a adquirir aparelhos para a exibição de filmes sonoros, hoje se encontra em completa decadência.
Hoje o velho Cine Teatro Jandaia (foto acima) está fechado há mais de uma década com suas instalações em ruínas correndo risco de desabamento. O prédio não está localizado na área tombada pela Unesco em 1985 como patrimônio da Humanidade e não tem uma arquitetura relevante, mesmo assim deveria ter uma proposta de revitalização integrado ao projeto de restauração do Centro Histórico, para se transformar num espaço cultural, quem sabe para contar alguma história com muita sonoridade, afinal ele já foi um marco da cultura Nacional. Mas os governos de “merda” que entram e saem do “phoder” não estão nem um pingo interessados em preservar cultura.

Em 2000, a Baixa dos Sapateiros tinha mais de 700 pontos comerciais; hoje, o número caiu para 400. Comerciantes dizem que falta de planejamento diminuiu fluxo de pessoas. Em uma excelente – até que enfim! - matéria assinada pelo jornalista Alexandre Lyrio, do jornal “Correio da Bahia”, em 25/04, depois do meu texto nostálgico sobre uma Salvador que não existe mais, vem à tona denúncias, ou o que é pior, de uma Salvador entregue às baratas, graças à incompetência dos “podres” poderes públicos.
O único shopping da região, o Shopping da Baixa dos Sapateiros, é uma estrutura antiga, com corredores largos, sujos, com pouquíssimas lojas de produtos populares e paredes pintadas de verde e branco, e um convite para qualquer um que queria presenciar a decadência. Outro fator gravíssimo é a presença do mau cheiro e de muitos usuários de drogas na região, o que acaba afastando os possíveis compradores, além do lixo que está espalhado por toda parte. A prefeitura de Salvador, por sua vez, só sabe espalhar placas com propagandas enganosas (foto acima) de que está dando “banho de luz” ou “pintando calçadas”. Mas o povo, ignorante como sempre, prefere acreditar que agora "tem... tem... tem..."
Mas, segundo a matéria do “Correio”, os motivos apontados para o declínio são mais diversos. Um deles é a derrocada dos terminais do Aquidabã e da Barroquinha, que ficam nos dois extremos da rua. “Quem é que vai saltar num lugar como esse, cheio de sacizeiros e mendigos, para andar até a Baixa dos Sapateiros e comprar alguma coisa?”, questionou um dono de “uma portinha” na rua.

Outros apontam a falta de estacionamentos e de paradas de ônibus como a causa da crise. “De ônibus ou de carro, aqui as pessoas só passam. Ninguém consegue parar, como na avenida Sete, por exemplo”, disse um outro dono do supermercado. “O pessoal só entra nas lojas pra duas coisas: se proteger de assalto e da chuva. Tive que parar de vender seu jornal porque os sacizeiros tavam levando pra vender”.

Salvador está mal falada. Aqui, ali e acolá. Perdeu-se turistas para Fortaleza, e o Centro Histórico é motivo de matérias negativas semanais, tanto no Estado quanto no País... Até a revista “Carta Capital” meteu o pau: “Além da segurança e da limpeza urbana, preocupações constantes em Salvador, três temas fazem os tranquilos baianos esquentarem a cabeça ultimamente: a sujeira e desorganização da orla marítima, o abandono do centro histórico e o trânsito”. Estamos esperando o que, mesmo, para resolver as questões da Orla, do Centro Histórico, do Turismo?
>>> clique aqui e confira a matéria completa.

fonte: Correio da Bahia

fotos: divulgação

Nenhum comentário: