segunda-feira, 13 de setembro de 2010

FESTIVAL DA PRIMAVERA DE MORRO DE SÃO PAULO

“O “Festival da Primavera 2010” seguiu durante cinco dias com vários shows de artistas que fazem parte do cenário musical brasileiro, dentre estes Nando Reis, Vânia Abreu, Maria Gadú, entre outros.”
Por Elenilson Nascimento
Na cultura brasileira, que não é saudável quando não há confronto, as coisas parecem que não mudam muito. E quando alguém quer fazer alguma diferença, sempre aparecem os pernósticos querendo puxar o tapete. Já ouvi diversos artistas dizerem que, no máximo com algumas ressalvas, a maioria dos jornalistas não valoriza o produto da casa e seria o mesmo que dizer que não quer que um Shakespeare, um Glauber, um Nelson Rodrigues, um Vinícius de Morais sejam levados às massas...
Revistas mensais e jornais que se dizem de cultura, mesmo que copiadas de modelos estrangeiros em que a crítica é fundamental, suprimem o gênero ou lhe dão poucas e escondidas páginas. As artes no Brasil, feitas à base de patrocínios públicos e por famílias muito ricas, querem tudo menos se comprometer. Quando há discordâncias, é de uma patota em relação à outra. Escritores de renome consideram que resenhar livros é uma atividade menor, é comprar brigas por nada. Cantores e compositores preferem se vender da tela comercial das TVs ao invés de participar de festivais e mostrar verdadeiramente os seus trabalhos.
E assim, no mais do mesmo de todos os dias, cronistas e críticos parecem ter perdido seus fundamentos explicativos, seus critérios de julgamento, seus parâmetros básicos – se é que já tiveram algum dia. Ao contrário do que falou o diretor de teatro Fernando Guerreiro, no seu programa “Roda Baiana” (rádio Metrópole FM), sobre que devemos ter muito cuidado com esses “excessos de festivais”, penso que devemos ter muito mais festivais e mais cultura em todas as partes. Levar arte, independente de quem possa pagar ao não, talvez tenha sido um dos critérios que tenha motivado o jovem sócio da LK Comunicações,Victor Lacerda (*foto ao lado, esse cara não parece com um personagem de Almodóvar?) – que já apareceu outras vezes aqui na LC falando sobre a Zélia Gattai e, mais recentemente, organizando o lançamento do livro Glória Pires – a organizar um festival de música e, o melhor, de graça, na Bahia. A minha carreira literária ainda vai ser administrada por esse rapaz, mas isso se ele concordar em fazê-lo mesmo depois que eu for expulso da ABL. Mas eu ainda quero entrevistar esse cara!
E uma dica imperdível na última semana foi o “Festival da Primavera 2010” que aconteceu entre os dias 03 e 07 de setembro, em Morro de São Paulo, litoral da Bahia, em datas que combinaram com as festa religiosas da padroeira do lugar (*a igreja, no centro da Vila, comemorou os festejos a Nossa Senhora da Luz, Santa Padroeira de Morro de São Paulo).
A abertura do evento aconteceu na noite do dia 03/07, e contou com shows de Vânia Abreu e da excelente banda Vivendo do Ócio.

Dessa forma, o “Festival da Primavera 2010” seguiu durante cinco dias com vários shows de artistas que fazem parte do cenário musical brasileiro, dentre estes Nando Reis, Vânia Abreu, Maria Gadú, Pablo Dominguez, Thathi, Leilah Moreno, além das bandas On The Floor e Vivendo do Ócio. Além dos shows e diversas atrações culturais e o melhor: tudo com ENTRADA GRATUITA, as pessoas puderam participar de uma programação paralela na Vila (parte central da ilha) e aproveitar as praias paradisíacas, muita natureza e belas paisagens. A ilha faz parte do arquipélago de Tinharé e está localizado ao sul de Salvador, há aproximadamente duas horas via marítima.
O evento iniciou com a apresentação de três grupos folclóricos da região: “Chegança”, “Marujada” e “Caretas”. Com figurino de cores fortes e instrumentos musicais percussivos, eles chamaram a atenção dos turistas em um cortejo de som e cores que saiu do palco da Vila e terminou na Segunda Praia. Mas o momento mais esperado da primeira noite, no entanto, estava por acontecer. Sob o comando da voz doce de Vânia Abreu, irmã de Daniela Mercury, o público pôde se deliciar com antigos sucessos e novas músicas da carreira da artista. Um show foi dedicado ao AMOR e foi dividido em três tempos: o TEMPO DA PAIXÃO, o do TÉRMINO e da RECONCILIAÇÃO.
Esta temporalidade toda pôde ser claramente percebida, através da interação entre a artista e o público – aproximadamente sete mil pessoas que tomaram a frente do palco principal , na areia da Segunda Praia. Durante o show “Na volta que o mundo dá”, Vânia dividiu o palco com seis músicos. A direção musical levou a assinatura do instrumentista Paulo Dáfilin, que acompanha a artista a cerca de 10 anos.
Maria Gadú emocionou o público com as músicas de seus apenas dois anos de carreira.
Ainda no primeiro dia do “Festival de Primavera”, a animação ficou por conta da paulista Maria Gadú. Com uma apresentação simples, ocupando o palco com um banquinho, boné (*nem vou citar aqui o “barraco” que ela fez por causa desse bendito boné), uma taça de vinho tinto e um violão, a cantora emocionou o público com as músicas de seus apenas dois anos de carreira.
O público desavisado que foi conferir a Gadú, pode até achar que ela faz parte de uma nova onda rock’n'roll, meio punk, meio indie, porém a menina é muito ousada e cheia de atitude e apresentou um surpreende show ao cantar e mostrar suavidade característica em suas letras.
Gadú tem apenas 23 anos e compõe desde sua infância. A jovem se mudou para o Rio de Janeiro e começou a tocar em casas na Barra da Tijuca, onde conheceu artistas da Globo e foi convidada para fazer uma participação na minissérie “Maysa”, cantando (*mas eu não consigo lembrar disso!). A cantora passou a fazer inúmeros shows pelo Brasil e a se apresentar em diversos programas da TV brasileira como “Som Brasil – Paralamas do Sucesso”, a chatice do “TV Xuxa” e foi até indicada ao “Prêmio Melhores do Ano” no igualmente chato “Domingão do Faustão” como revelação e com a melhor música com “Shimbalaiê”. Eu não aguento mais essa música! Gadú tem umas coisas bem melhores. E até a versão que ela fez de Kelly Key é bacana, mas eu ainda prefiro a Paula Toller cantando essa música.
Segundo o meu amigo Victor Lacerda: “O hit ‘Shimbalaiê’ foi entoado, em coro, pelo público de aproximadamente 10 mil pessoas que ocuparam completamente a faixa de areia da Segunda Praia do Morro, local famoso pelas festas e baladas noturnas no balneário baiano”, disse o todo orgulhoso produtor.
O artista baiano Pablo Dominguez, natural de Valença, também arrasou no palco.

E a cantora “Revelação de 2009”, “Vencedora do Prêmio Multishow 2010”, preparou um repertório bem variado para o “Festival da Primavera”, com músicas como “Trem das Onze” de Adoniran Barbosa, “Pequena Eva” da Banda Eva, “Quase sem querer” de Renato Russo e a canção francesa “Ne Me Quitte Pas” que foi imortalizadas por muitos cantores e até por Nina Simone e Cássia Eller.
Recentemente a Gadú, Gilberto Gil e Dori Caymmi receberam duas indicações cada para os prêmios Grammy Latino, enquanto Maria Bethânia foi indicada à categoria de Gravação do Ano pela música "Tua". Isso que é prestígio! Ao final do show no “Festival da Primavera”, Gadú entregou o palco ao baiano Pablo Dominguez, natural de Valença, região da Costa do Dendê. O som de Dominguez é inspirado no surf music e o artista fez um show com músicas autorais e sucessos do pop rock brasileiro, e ainda convidou o ator Raoni Carneiro para dividir o palco, pois além de ator, o Carneiro é vocalista da banda Trupe.
Apesar do atraso de quase duas horas, Nando Reis arrasou!

NANDO CAUSOU FRISSON – Durante a sua apresentação na primeira edição do “Festival de Primavera”, no dia 05/07, mesmo com um atraso de quase duas horas, o que fez com que os urubus de plantão da imprensa baiana tentassem minimizar o evento, mas não fazendo com que o público desanimasse, o famoso cantor e compositor Nando Reis provocou frisson entre os fãs que ocuparam a areia da Segunda Praia.
Mas mesmo que os maus críticos façam muito mal à crítica musical, muitos deles não conseguem nem fazer crítica sem cair no ataque pessoal, sem destilar preconceitos, sem desmerecer totalmente o trabalho alheio, sem apontar o dedo para erros banais (*estou escrevendo isso diretamente aos “infelizes e mal comidos” coleguinhas dos jornais de 0,50), pois muitas das críticas ao governo Lula, por exemplo, caíram no vazio porque sua ênfase era nos adjetivos ao presidente, assim como muitas críticas a jogadores famosos queimaram a língua porque criticavam suas baladas em vez de suas boladas.
E pense em quantos artigos com boas causas, como a crítica à arte contemporânea, como uma nota bem pontuada sobre esse excelente “Festival da Primavera” (de graça!), por exemplo, não estragaram essas causas ao dizer que Picasso não foi um grande pintor (sic!) ou que as instalações nem sequer são “uma linguagem” (mas não são um arranjo de signos?), desprezando qualquer hipótese de seriedade na arte atual. Babacas. Vocês são todos uns babacas!
Mas, voltando ao show do Nando: no repertório, o ruivão apresentou as músicas do CD “Drês” e muitas canções que marcam sua carreira, presentes no seu novo DVD “Bailão do Ruivão” (*com previsão de lançamento ainda para este ano). Num show performático e com uma acentuada levada rock n’roll, o sempre simpático (*a sua saída dos Titãs fez muito bem ao cara!) passeou ainda por grandes hits da MPB, com destaque para as canções de Zé Ramalho, em especial “Frevo Mulher”, e de Rita Lee com “Agora só falta você”. Resumindo: foi um show de alta entrega e entrosamento entre o público e o cantor em um lugar pra lá de lindo. Para o fim do show, Nando preparou um pout-pourri com antigos sucessos dos Titãs e agitou a todos com a música “Bichos Escrotos”.
Os marmanjos babaram com as pernas da Leilah Moreno.

No penúltimo dia, 06/09, o “Festival de Primavera” contou com a presença da cantora Leilah Moreno, um dos nomes mais conhecidos da black music e pop do Brasil, que apresentou uma noite dance. Além de cantora, ela é atriz e dançarina, e a expectativa foi muito grande diante desta apresentação. Segundo Victor Lacerda, meu repórter exclusivo (*só eu tenho um repórter exclusivo que ainda por cima foi o organizador do evento), “a Leilah Moreno não chamou atenção apenas pelo show dançante, mas também pelo vestuário. Um vestido curto preto que deixou as pernas à mostra e fez com que muito marmanjo ficasse na dúvida. A indecisão era se curtia mais uma noite do festival gratuito ou se prestava atenção no corpo sarado da cantora, atriz e dançarina”. Pelo jeito as mãos falaram mais forte!
Leilah cantou sucessos pop internacional como Lady Gaga, Beyoncé e Madonna, e marcou presença no “Festival de Primavera” com a sua bela e voz e seus pernões. Quando cantou “Bad Romance”, o público da Ilha de Tinharé veio abaixo. Em outros momentos da apresentação, ela dividiu palco com outros artistas desconhecidos como Taffih Jackson. Em homenagem ao rei do pop, o baiano nascido em Cachoeira, disse que faz cover de Michael Jackson há mais de cinco anos. Para fechar com chave de ouro, Leilah colocou mais de 15 crianças em cima do palco. “As crianças é que fazem a festa. Vamos nos divertir”, exaltou. Foram 50 minutos de apresentação que deixou um gostinho de quero mais.
Fã exibe a tatuagem com o rosto da cantora Leilah Moreno.
Por fim, a revelação da música eletrônica baiana, a banda On The Floor, que em dois de estrada, já acumula diversos shows em Salvador e fora da capital, mostrou o melhor da música eletrônica em um show cantado e dançante. No palco, a On The Floor apresentou versões de músicas pop que estão na boca da galera, e dos mais variados estilos. No repertório: “Amado” de Vanessa da Matta, “Don’t Stop The Music” e “Umbrela” de Rihanna, “Eu Sei Que Vou Te Amar” de Tom e Vinícius, “Set Me Free” de House Boulevard, “Selva Branca” de Carlinhos Brown e Vevé Calazans, “Tree Litle Birds” de Bob Marley, “Tonelada Amor” de Márcio Mello, entre outros sucessos. E até a breguerrima “Stefhany” fez-se presente no show, a linda vocalista Eva Cavalcante puxou a música “Eu Sou Stefhany”, e acabou despertando no público várias “Stefhany’s”.
A revelação da música eletrônica baiana, a banda On The Floor.
Quem também assumiu o palco foram vários artistas locais para encerrar o evento em grande estilo. As estrelas apresentaram o melhor da cultura e da musicalidade baiana. Os shows gratuitos aconteceram em dois palcos, um armado na Vila, com apresentações folclóricas e outro na Segunda Praia, com as apresentações principais. Portanto, mais um evento na Bahia que temos que aplaudir!
Mas hoje, ao invés de incentivar, todo mundo fala e graceja sobre qualquer coisa, sobretudo aqueles que não têm vivência profissional ou sobre aqueles que são fazendo a “coisa” acontecer. Os críticos são assim em todas as áreas: na ópera, na literatura, na música, no cinema, no teatro e no futebol. Contemplam o espetáculo de seus camarotes como se estivessem além do mal e do bem.
Na cultura, principalmente, o brasileiro sempre agiu em campo com prepotência. As tribunas de imprensa refletem o mesmo fenômeno. Há comentaristas e críticos que se veem como guias dos rebanhos ignorantes, professorais e assuntosos. Arrogantes, enrolam a língua com palavras bonitas para impressionar, mas na verdade não movem uma palha para que a CULTURA aconteça. Eles exibem suas credenciais e seus títulos universitários, enquanto se pavoneiam entre as celebridades no jet set.
Mas basta olhar para eles para notar o quanto são moços e inexperientes, o quanto querem passar que conhecem o que nunca viram nem refletiram sobre o que terão lido sobre o assunto. A crítica à cultura na Bahia revela-se pueril e sem graça. Talvez devessem jogar mais peladas na praia sem barracas, ou ouvir algum CD pirata de um artista bom ou fazer cursos de educação à distância. Ou mesmo ser gente.
Sugestão: Eu espero, senhor Victor Lacerda, que ano que vem você chame mais gente bacana como Márcio Mello, Rebeca Matta, Alexandre Leão, Adelmo Casé, Jauperi, Pitty, Margareth, Jussara Silveira, Marcia Castro, Ana Cãnas, Marcela Bellas, Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta, Salsalitro e Maurício Zerk. Mas o “Festival da Primavera” foi massa!
Vânia Abreu mostrou seu talento em três tempos
e
provou que a família Mercury não faz só axé.
Cheia de atitude e muita simplicidade, Gadú ocupou o
palco com seu banquinho, um violão, uma taça de vinho tinto e muita graça. Programado para acontecer em 1 hora, o show da menina de boné foi ampliado a pedido do público, e chegou a quase duas horas de apresentação.O produtor do “Festival da Primavera”, Victor Lacerda, ao lado do prefeito de Morro de São Paulo, da primeira dama (*ela está parecida com a Helena Bonham Carter em “Planet Of The Apes”) e da Maria Ga.
A primeira edição do “Festival de Primavera” conto
u ainda com a presença de vips(?) como os atores globais Raoni Carneiro (na foto com Gadú) e a Fernanda Rodrigues.
Em outros momentos da apresentação, Leilah
Moreno dividiu palco
com outros artistas desconhec
idos.
Muita confusão na chegada de Nando Reis.
P.S. Repar
em a cara de espanto do roqueiro! Popstar é isso aí!
O atraso de quase duas horas não desanimou o púb
lico,
que cantou todas as mú
sicas de Nando Reis.
Nando Reis recebeu as boas vindas do prefeito Hildécio Meireles
e da primeira dama Cíntia R
osemberg.
Pela primeira vez em Morro de São Paulo, famoso balneário do litoral sul baiano, Nando Reis provocou frisson entre os fãs que ocuparam a areia da Segunda Praia na primeira edição do “Festival de Primavera” do Morro de São Paulo.
Com uma voz suave, fez o tempo parar. “É um p
rivilégio tocar na Bahia, ainda mais em um lugar tão lindo como este”, destacou a artista.
No repertório, o ruivão apresentou as músicas do C
D “Drês” e muitas canções que marcam sua carreira, presentes no seu novo DVD “Bailão do Ruivão”.
Num show performático e com uma acentuada levada rock n’roll, o sempre simpático passeou ainda por grandes hits da MPB, com destaqu
e para as canções
de Zé Ra
malho e Rita Lee.
Resumindo: foi um show de alta entrega e entros
amento entre o público e o cantor em um lugar pra lá de lindo.Para o fim do show, Nando preparou um pout-pourri com antigos sucessos dos Titãs e agitou a todos com a música “Bichos Escrotos”. E os agradecimentos.

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